quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Limão brasileiro contaminado com agrotóxico é retirado das prateleiras norueguesas

Produto, que provavelmente veio do estado de São Paulo, estava contaminado com carbofurano, agrotóxico proibido na União Européia

Anteontem (03/10/16) veio o recall: a maior importadora norueguesa de frutas e legumes Bama publicou comunicado informando que o lote de limão tahiti vindo do Brasil estava contaminado com carbofurano. Todas as grandes redes de supermercados varejistas foram alertadas a suspender a venda da fruta. Consumidores foram alertados a jogar fora ou devolver à loja, e consultar seu médico, em caso de suspeita de intoxicação. Segundo um técnico da vigilância sanitária, um limão e meio desses consumido por uma criança seria o suficiente para causar uma intoxicação aguda.

Limão tahiti é vendido a preço de ouro na Europa

O carbofurano é uma substância reconhecidamente tóxica que atua sobre o sistema nervoso central. No Brasil, além de pesticida, é também utilizado como veneno de rato e pode ser comprado facilmente por qualquer pessoa. Recentemente, a substância ganhou as manchetes dos jornais quando uma criança de 2 anos morreu intoxicada ao tomar um achocolatado propositalmente envenenado com carbofurano em Cuiabá.

A União Europeia baniu o carbofurano em 2007 devido à sua alta toxicidade, risco à saúde e risco de contaminação de águas subterrâneas. A Noruega segue a regra. No Brasil, o agrotóxico ainda é largamente utilizado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu no ano passado um processo de reavaliação do carbofurano, que engajou entre outros a apresentadora Bela Gil num movimento para participar da consulta pública e se manifestar favoravelmente ao banimento do agrotóxico. A Anvisa ainda não tomou uma decisão final no processo de reavaliação.


Artigo de luxo: preço exorbitante aguça ganância de produtores paulistas

Se no Brasil a gente encontra em qualquer boteco disposto a servir caipirinha, na Noruega limão tahiti é artigo de luxo. Um limãozinho, um só, custa cerca de R$ 2,25, o preço de um quilo de limão tahiti tipo Primeira no Ceasa. Talvez por isso os produtores paulistas sejam tão ávidos por exportar a frutinha azeda para a Europa. Entre 2015 e 2016, cerca de 70 toneladas foram exportadas do estado de São Paulo para a UE.

No entanto, na gana de vender limão a preço de ouro, produtores acabam empurrando tudo de bom e de ruim. Mês passado, a União Europeia rejeitou oito contêineres de limão tahiti contendo frutas com cancro cítrico, uma doença comum no Brasil, mas não na UE. De acordo com fonte do Ministério da Agricultura, "pelas fotos que nos mandaram fica claro que o fruto já saiu daqui com cancro. Houve uma precipitação por conta do preço do limão e não houve o cumprimento das regras."



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