quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Caça com arco e flecha pode ser autorizada na Noruega

Hoje (12/10) li uma notícia curiosa no jornal: o ministério de meio ambiente da Noruega pode autorizar a caça de animais silvestres com arco e flecha. Arco e flecha? Na Noruega?

A demanda é da Associação Norueguesa de Caçadores com Arco e Flecha (Norges Buejegerforbund) ao Ministério de Meio Ambiente. Os arqueiros argumentam que a prática é mais ambientalmente amigável que armas de fogo, e que em caso de ferir o animal, há menos probabilidade de morte do que com a espingarda, já que o dano é menor.


Acha que é só índio no Brasil que caça de arco e flecha? Olha o estilo dos arqueiros. Fonte: NRK

A organização internacional de defesa dos animais AnimalsAsia contra-atacou nos jornais de forma dramática: "É bonita a floresta no outono, com todas as cores. A partir do próximo outono, vamos nos deparar com uma cena menos bela nas florestas - animais com flechas espetadas pelo corpo e feridas putrefatas". Um tanto desconfortável, o ministro Erik Solheim não descartou permitir a prática, e afirma que se trata de uma "prática milenar" no país.

No Brasil, a caça é ilegal, pode ser autorizada em alguns casos, mas em geral é vista e apresentada ao senso comum como uma prática marginal, criminalizada e condenável. Os povos indígenas são exceção e continuam caçando em suas terras, embora hoje estejam mais para espingarda do que arco-e-flecha. Ainda assim, o objeto incorpora múltiplos símbolos no imaginário popular, tanto para os indígenas como para a sociedade em geral, tais como espírito de luta, conexão com a natureza, e até mesmo virilidade sexual.

"Custa caro ser homem"

Na Noruega, a caça é prática mais ou menos bem aceita na sociedade. Em 2010, 36.409 alces foram caçados nas florestas norueguesas, o equivalente à população da cidade de Aparecida (SP), ou Porsgrunn, em Telemark. Minha impressão é que aqui também o costume tem a ver com uma variante escandinava da cultura "macho"; no vídeo acima, o vendedor na loja de armas, ao apresentar os exorbitantes preços dos equipamentos, dispara: "custa caro ser homem" (det koster å være kar).

Semana passada houve comoção pelo abate do alce branco Albin; havia um acordo entre caçadores noruegueses para deixar o raro animal em paz, até a chegada de um dinamarquês que chutou o pau da barraca e meteu bala: "alce é alce, não importa a cor.". Houve até ameaça física de retaliação dos zangados caçadores locais, mas a cabeça branca vai acabar mesmo pendurada na casa do dinamarquês. Fonte: Sigmund Lerheim / Scanpix / Aftenposten

Permitida pelo menos desde 1916 nas florestas próximas a Oslo, a prática encontrava resistência, mais pelo perigo de acertar alguém passeando do que pelos pobres bichos. Hoje, é difamada por organizações de defesa dos direitos dos animais. Mas ainda assim, parece ter raízes suficientes para não se deixar abater pelos críticos. Hoje, sair pelas florestas para caçar alces e veados é hobby que conta com muitos fãs e adeptos, inclusive o primeiro-ministro Jens Stoltenberg, que  -  fofoca  -  durante sua última expedição de caça, há umas três semanas, foi pego furando o pedágio da estrada vicinal.

O primeiro-ministro Jens Stoltenberg também é fã de caça, mas prefere usar espingardas. Fonte: Nils Bjåland/VG

Fontes:
Dagsavisen, 12/10/11, Meninger, p. 5
http://www.nrk.no/video/regjeringen_vurderer_a_tillate_buejakt/BE78EA7A4A130001/
http://nbjf.net/
http://www.vg.no/nyheter/innenriks/norsk-politikk/artikkel.php?artid=10039187
http://www.byarkivet.oslo.kommune.no/OBA/aktuelt_arkiv/jakt.asp
http://statbank.ssb.no/statistikkbanken/Default_FR.asp?PXSid=0&nvl=true&PLanguage=0&tilside=selectvarval/define.asp&Tabellid=06036
http://www.aftenposten.no/nyheter/iriks/article4248734.ece
http://www.ssb.no/emner/02/01/10/beftett/tab-2011-06-17-02.html
http://www.ibge.gov.br/

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